O Programa de Pós-Graduação em Antropologia convida todos para a Defesa de Dissertação do discente Alan Silva de Aviz, intitulada:Sexualidade e Religiosidade em Belém do Pará: Uma etnografia junto a fiéis homossexuais de igrejas evangélicas da capital paraense, que ocorrerá no dia 23 de março de 2018, às 9h30, no Auditório do IFCH.

 

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia convida todos para a Defesa de Dissertação do discente Luciana Cristina de Oliveira Azulai, intitulada:Percepções sobre Cultura Material e Sítio Histórico Urbano na cidade de Belém-PA: o caso do Museu da UFPA e sua coleção de Arqueologia Urbana, que ocorrerá no dia 23 de março de 2018, às 9h, no Miniauditório do PPGA.

Denise Pahl Schaan

April 17, 1962–March 3, 2018

Denise Pahl Schaan, 55, a major figure in Amazonian archaeology and professor in the graduate anthropology program at the Universidade Federal do Pará (UFPA), died from amyotrophic lateral sclerosis (ALS) on March 3, 2018, in Belém, Brazil.

Schaan was an extremely productive scholar, whose prolific field research and publications were key in current debates on cultural development and anthropogenic influence on the tropical forests of lowland South America. Her intimate understanding of the material record discerned subtle traces of past human occupations often missed in tropical landscapes. Her early research concentrated on Marajó Island, the scene of considerable debate in Amazon archaeology in earlier generations, including in-depth studies on Marajoara iconography, which was the basis of her MA thesis at the Catholic University in Porto Alegre, her home city, and published in 1997. This culminated in her doctoral dissertation at the University of Pittsburgh (2004), based on careful excavations and survey on Marajó, which resulted in the most precise reconstruction of the regional organization of these pre-Columbian complex societies and revealed systems of water and fish management overlooked by earlier researchers.

Schaan is best known internationally for her in-depth survey and excavations of the monumental enclosures in southwestern Amazonia, known as geoglyphs. Together with paleoecologist Alceu Ranzi (Universidade Federal do Acre), she mounted an international research team that brought these remarkable earthen constructions to world acclaim and demonstrated the complexity of these forgotten pre-Columbian peoples, in a region long thought to be devoid of indigenous monumentality.

Schaan’s meticulous empirical studies fueled debates on the cultural achievements of ancient Amazonians and her insights were at the vanguard of current theories of their development. Schaan was an innovator in archaeological science, adopting novel technologies to unearth the evidence of prehistoric landscape transformations in Amazonia, and their relevance to debates on biodiversity, sustainability, and cultural heritage.

The archaeology and historical ecology of the geoglyphs, mound sites of Marajó Island, and her recent work on the cultural landscapes of Santarém formed the core material for her comprehensive monograph, Sacred Geographies of Ancient Amazonia (2011). Schaan was a prolific writer and authored over 80 articles and book chapters in scientific and public venues, including PNASJournal of Archaeological Science, and Antiquity. She authored, edited, and co-edited 14 volumes. She was an innovative educator and, together with social anthropologist Jane Beltrão, founded the first explicitly four-field PhD program in anthropology in Brazil at the UFPa in 2008, as well as the online anthropology journal Amazônica: Revista de Antropologia.

In addition to her voluminous research, she supervised 5 PhD and 11 MA theses at UFPa, where she was directing 5 PhD theses at the time of her death. She is survived by her husband André dos Santos, daughter Ana Paula, and son Lucas. Although she will be sorely missed, her profound influence on the burgeoning fields of Amazon archaeology and historical ecology will live on through her carefully collected field data, insightful publications, and the unique inspiration she provided to students and colleagues. (William Balée and Michael J. Heckenberger)

http://www.anthropology-news.org/index.php/2018/03/16/denise-pahl-schaan/

 

Cite as: Balée, William, and Michael J. Heckenberger. 2018. “Denise Pahl Schaan.” Anthropology News website, March 16, 2018. DOI: 10.1111/AN.802

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia convida todos para o 1º SIMPÓSIO DE LÍNGUAS INDÍGENAS - INSTITUTO DE ESTUDOS DO XINGU, que acontecerá nos dias 16,17 e 18 de Abril de 2018, em São Félix do Xingu-PA.

Clique aqui: Site do evento

 

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia convida todos para a Defesa de Tese da discente Ariana Kelly Leandra Silva da Silva , intitulada: A Doença Falciforme na Amazônia: As Intersecções entre Identidade de Cor e Ancestralidade Genômica no Contexto Paraense, que ocorrerá no dia 13 de março de 2018, às 14h, no Auditório CTIC/UFPA.

Caros Colegas,

É com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de nossa companheira Denise Pahl Schaan, da Universidade Federal do Pará. Ela faleceu hoje, dia 03 de março de 2018, em consequência de uma doença implacável, que afetava a sua vida há algum tempo. Não obstante as limitações impostas por seu estado de saúde, Denise jamais deixou de se dedicar aos seus compromissos acadêmicos. Algo que surpreendeu a todos nós, que acompanhamos os seus desafios nos últimos meses. Denise tinha uma impressionante capacidade de trabalho, o que é notório face a sua volumosa produção acadêmica. Era uma pesquisadora incansável, obstinada, disciplinada e sempre preocupada com a excelência. Além de sua inegável contribuição científica ao campo da Arqueologia, sobretudo, na Amazônia, Denise era muito criativa, talvez uma herança da época em que atuava no mundo das artes em Porto Alegre e que a levou para os estudos sobre a iconografia da cerâmica marajoara. Nos últimos anos, junto com o seu companheiro, vinha se dedicando a produções audiovisuais, algumas das quais muito bem recebidas pela crítica. Assim era a Denise, aproveitava cada oportunidade para produzir artigos, livros, revistas, exposições, vídeos. Sua natureza empreendedora levou-a a criar e ampliar os espaços de formação em arqueologia na Amazônia, dentre eles, o Programa de Pós- Graduação em Antropologia, da Universidade Federal do Pará, do qual era fundadora e docente e no qual fomos colegas por muitos anos. Foi por seu intermédio que vim para a Amazônia, aqui trabalhamos juntas em projetos, na organização de dois livros e na condução da Sociedade de Arqueologia Brasileira/SAB, entre 2007 e 2009, ela como presidente, eu como secretária.

Contabilizar sua produção é uma tarefa e tanto, ela produziu um volume extraordinário para quem tinha pouco mais de 50 anos. Denise revolucionou a arqueologia amazônica sobre a qual escreveu 14 livros, mais de 40 artigos nas principais revistas científicas, cerca de 40 capítulos de livros, entre outras produções acadêmicas. Suas publicações, que contemplam temas diversos da pesquisa à gestão, aliadas à sua grande competência e capacidade de síntese, fizeram com que o nome Schaan seja citado em parte significativa da bibliografia relativa à produção acadêmica da arqueologia brasileira. Escrever era uma de suas paixões, a qual se dedicava com afinco. Chegou uma vez a me confidenciar que gostaria de se aposentar, mudar-se para uma praia e virar escritora. Tinha reconhecido talento tanto para os textos acadêmicos, quanto aqueles que se destinavam à divulgação da arqueologia. Esses materiais chegaram em localidades longínquas da Amazônia e por isso escutava-se o nome Schaan em vários lugares da região, especialmente, aquele que a fez ingressar na arqueologia: o Marajó. Eu poderia escrever páginas sobre seus títulos, produção, criatividade, sua contribuição ao nosso campo, a enorme lacuna que fica com a sua morte, mas, curiosamente, Denise Pahl Schaan nunca quis ser arqueóloga, segundo ela mesmo dizia:

“Nunca pensei em ser arqueóloga e posso dizer que me tornei arqueóloga por acaso (...) encontrei na arqueologia aquilo que eu procurava: a possibilidade de desenvolver um trabalho que fosse intelectual e físico, que demandasse criatividade e paixão, que exigisse dedicação e responsabilidade, no qual eu poderia dar vazão a meus interesses por antropologia, desenho, arte, literatura, através do qual eu pudesse viajar e conhecer novas pessoas, ensinar e aprender. Acho que se eu tivesse optado mais cedo pela arqueologia não teria me preparado tanto para exercê-la com a determinação com que me dedico a minha carreira, hoje em dia. As pessoas que são apaixonadas por sua profissão e que gostam do que fazem sabem do que eu estou falando”¹.

Denise era uma mulher de sorriso tímido, mas tinha essa paixão em tudo o que fazia. Sua morte precoce causa um forte impacto em nossa comunidade e, particularmente, para nós que convivemos com ela na universidade. Ainda não conseguimos mensurar sua perda, mas sei que ela se eternizou pela sua produção, tão vasta para alguém tão jovem. Denise Schaan dizia “o mundo precisa de bons contadores de histórias” e completava “alguns deles podem ser arqueólogos” 2. Ela certamente foi uma das grandes contadoras da história da Amazônia e isso a fará sempre presente.

 

Marcia Bezerra

Universidade Federal do Pará

Belém, 03 de março de 2018

 

1 Schaan, D.P. Reflexões de uma arqueóloga e mulher na Amazônia, in Dominguez, Funari, Carvalho, Rodrigues (Orgs) Desafios da Arqueologia: depoimentos. Erechim: Habilis editora, 2009, 89-99.

2 Op.cit, p.99

Foto: Vídeo “35 anos da SAB”.